sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Emilio Garrastazu Médici - Jorge e Ronei

10 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974. Foi a fase mais autoritária da ditadura,caracterizada pela violenta repressão a todos os que se opunham ao regime e pelo chamado “ milagre brasileiro “, na área econômica.
Repressão e luta armada:O bem-estar do povo e o progresso enquanto resultados da ditadura são absolutamente discutíveis,mas a repressão não deixou a menor duvida:com ela se escreveu uma das paginas mais tristes da historia do pais.
A repressão político-policial e militar assolou toda a sociedade brasileira ao longo do período ditatorial,havendo nuances que configuram fases distintas.A etapa compreendida entre 1969 ( depois de AI-5 ) e 1975 é apontada como o auge da repressão.
A repressão era a evidencia de que os opositores do regime não aceitavam passivamente a ditadura.Eles acabavam sendo identificados,genericamente,como grupos de esquerda, que,como já se analisou,haviam sido derrotados em 1964 mas nem por isso deixaram de existir.
Diversos foram os grupos progressistas que,de um modo ou de outro,de acordo com suas especialidades,enfrentaram a ditadura.

OS ANOS SOMBRIOS (1969 -1974 )

Em agosto de 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um derrame cerebral e teve de afastar-se do cargo.Seu substituto era o vice-presidente Pedro Aleixo, político civil mineiro.Mas este manifestou a intenção de reabrir o Congresso e reformular as medidas criadas pelos atos institucionais.Foi,então,impedido de assumir a Presidência pelos ministros militares,que criaram uma Junta Provisória para assumir o poder.
Enquanto isso, o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick era seqüestrado por militares da ALN e do MR-8,numa ação espetacular e de grande repercussão internacional.Em troca da vida do embaixador, os guerrilheiros exigiam a libertação de quinze presos políticos e a transmissão,pela televisão,de um manifesto.As exigências foram atendidas pela Junta Militar.
Em outubro de 1969, 240 oficiais-generais indicaram para presidente o general Emilio Garrastazu Médici, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), um dos órgãos de espionagem interna do governo.
Em janeiro de 1970, um decreto-lei tornou mais rígida a censura previa à imprensa.As redações dos jornais passaram a ser controladas por censores da Policia Federal, que vetavam assuntos previamente proibidos,como tortura a presos políticos, e artigos favoráveis à anistia e aos direitos humanos.A censura atingiu também a produção cultural: peças de teatro, filmes e musicas que transmitissem mensagens consideradas contrarias ao governo ou ao sistema eram proibidas.Caetano Veloso, Chico Buarque, Rubem Fonseca, entre outros,tiveram obras censuradas.Muitos artistas preferiram deixar o país ou foram obrigados a exilar-se.

A luta armada: O endurecimento da Junta Militar e o sucesso da operação de seqüestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em 1969, estimularam outras ações armadas por parte dos grupos de extrema esquerda.Só em 1970 as organizações armadas seqüestraram três diplomatas estrangeiros, trocando a vida deles pela libertação de dezenas de presos políticos.
Na luta contra os grupos de esquerda, o exercito criou dois órgãos especiais: o Departamento de Operações Internas (Doi) e o Centro de Operações de Defesa Interna(Codi).O modelo desses dois órgãos foi a Operação Bandeirantes (Oban), grupo clandestino de São Paulo, formado por agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), da Policia Federal e dos serviços secretos da marinha (o Cenimar) e do exercito.A Oban contava com tecnologia de tortura que foi útil ao recém-criado Doi-Codi.A montagem desse circo de horrores contou com a ajuda em dinheiro de empresas multinacionais.
As atividades dos órgãos repressivos desarticularam as organizações de guerrilha urbana e levaram à morte dezenas de militantes de esquerda.O principal líder guerrilheiro, Carlos Marighela,foi emboscado e morto em 1969, em São Paulo.Alguns grupos tentaram então implantar núcleos no campo.Foi o caso do ex-capitão do exercito Carlos Lamarca,que, em 1970,estabeleceu-se com seu grupo no Vale do Ribeira,interior de São Paulo.A tentativa não teve êxito.
Em 1972, militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) concentraram-se na região do Araguaia,entre os estados do Para, Maranhão e Tocantins, onde pretendiam formar um núcleo guerrilheiro com apoio da população rural.Em 1975, depois de três anos de luta, o movimento foi extinto.Com o fim da guerrilha do Araguaia, o governo acabou praticamente com a luta armada no Brasil.Os guerrilheiros estavam todos presos, exilados ou mortos.

O crescimento econômico: No final da década de 1960, os bancos norte-americanos, europeus e japoneses dispunham de muito dinheiro, que passaram a emprestar a juros relativamente baixos ao Brasil e a outros paises em desenvolvimento.O petróleo e outros produtos,como trigo e fertilizantes, que o Brasil importava em grandes quantidades,também estavam baratos.Ao mesmo tempo,o governo concedeu facilidades às empresas exportadoras,como incentivos fiscais (redução de impostos), e sucessivas desvalorizações da moeda em relação ao dólar.Com isso, o Brasil passou a exportar grande variedade de produtos.
A novidade era o crescimento da exportação de produtos industrializados, com calçados,televisores,maquinas e automóveis.Ao mesmo tempo,novos produtos não-manufaturados eram incorporados à pauta de exportações: soja,minérios,frutas, etc.
Nesse período, o governo fortaleceu e ampliou seu controle sobre a economia.O objetivo era investir em setores nos quais os empresários não tinham interesse em aplicar dinheiro,por serem pouco rentáveis.Ao mesmo tempo,predominava entre os milhares a opinião de que o Estado devia preservar para si, como medida de segurança nacional, o controle dos setores vitais da economia.
O governo fez, assim, grandes investimentos em siderurgia(produção de aço).Outra preocupação era a dependência em relação ao petróleo.A Petrobras,que detinha o monopólio da pesquisa,prospecção,extração e refino de petróleo,intensificou as pesquisas na bacia de Campos,no litoral do Rio de Janeiro, obtendo bons resultados.Para aumentar a produção de energia elétrica, o Brasil assinou, em 1973,um acordo com o Paraguai para a construção da Usina de Itaipu,a segunda maior do mundo.
O setor que mais cresceu na época foi o de bens duráveis: eletrodomésticos e, principalmente,carros, ônibus e caminhões.Em 1971, as fabricas de automóveis,ônibus e caminhões, bem como as de autopeças estavam no auge da produção.A industria da construção civil também viveu um período de grande crescimento.Cerca de 1 milhão de novas moradias, financiadas pelo Banco Nacional de Habitação(BNH),foram construídas em dez anos de governo militar, mas apenas uma pequena parcela delas era destinada à população pobre.

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